Clarice Lispector

A hora da estrela no Brasil

Clarice Lispector, de origem ucraniana, mas que sempre considerou-se uma escritora brasileira, construiu uma obra fundamental para a compreensão da poesia e cultura brasileira e da condição humana

Rita de Cássia Cino

Resumo

O presente ensaio tem como objetivo tratar da poesia como forma artística fundamental na construção da língua portuguesa e da cultura brasileira e mundial; e da influência das obras de Clarice Lispector, como poeta, escritora e jornalista pioneira da geração de 1945 a utilizar-se de uma nova linguagem para consolidar um pensamento e uma linguagem existencialista que a consolidou como um dos maiores nomes do pós-modernismo e da literatura brasileira. Está estruturado em três tópicos: o movimento da geração de 1945 que originou novos escritores e uma nova literatura nacional, a análise de sua obra mais emblemática - A Hora da Estrela e uma breve biografia da autora.

Introdução

Desde o final do século passado, nas artes, como um todo, havia um sentido de renovação. Na literatura, os autores buscavam ‘‘novos artifícios narrativos’’ que equivaleriam a novas linguagens ou novos arranjos para a antiga linguagem. Para ‘ser moderno’, não importava a forma de expressão (pintura, música, artes plásticas, dança, literatura, moda), seria necessário uma renovação da linguagem artística, o que significa ser capaz de processar rupturas e promover novas formações1, reformular a linguagem, envolvendo voz, tons e narrativas.

As linguagens do modernismo vão despertar a hostilidade das autoridades, intelectuais e sociedade. E esse choque com dá sempre através da incompreensão. Se Baudelaire, em 1857, tem poemas de Flores do Mal cortados e proibidos, quase noventa anos depois (1945), a incompreensão se dará com o músico Arnold Schoenberg, por exemplo, que, pela ‘inovação’ excessiva tem um pedido de bolsa negado pela Fundação Guggenheim. O moderno é considerado ameaçador não só para as sociedades fechadas, mas também