Ciências sociais
Ao voltar-se para a compreensão do papel dos sujeitos sociais mais marginalizados dos grandes processos sociais brasileiros, como os descendentes de escravos e os trabalhadores rurais e urbanos, o grupo rompeu com o ensaísmo sobre a formação da sociedade brasileira que prevalecera até os anos 30 do século passado – marcado profundamente pela análise das dificuldades de emergência da identidade nacional brasileira –, e assumiu um caráter científico extremamente inovador e, em alguns aspectos, revolucionário. Essa tradição abriu uma nova forma de a própria sociedade brasileira se ver e se compreender, e essa influência – que se generalizou – se faz sentir até hoje.
É notório, entretanto, que o desenvolvimento das Ciências Sociais na USP não se deve apenas aos estudos de sociologia, tendo sido impulsionado também pela antropologia, história e os estudos de política. Mas a vertente inaugurada por Florestan e seu grupo a partir dos anos 50, assim como a que se constituiu sob a liderança de Antonio Candido de Mello e Souza, trouxe para o centro da análise da modernização da sociedade brasileira e da emergência do capitalismo dependente o papel das inter-relações entre as classes sociais, o Estado e os direitos de cidadania.
Estavam dados aí os fundamentos da crítica que os expoentes da “escola paulista de sociologia” fariam a seus colegas do ISEB, cujas relações com o Estado, os centros de poder e as suas