CIÊNCIA, PODER POLÍTICO E ÉTICO
A ciência e a tecnologia tiveram uma parte significativa na organização da sociedade contemporânea. O conhecimento é sempre uma representação daquilo que é possível fazer, pela representação daquilo que poderia ser um objeto de uma decisão na sociedade.
Com efeito, o termo política científica designa, na linguagem comum, dois tipos bem diferentes de políticas que se adotam visando a favorecer o desenvolvimento da ciência. O exemplo mais típico é a política de outorgar subsídios a favor da ciência. Além disso, fala-se também de uma “política científica” quando se quer tomar decisões políticas apoiadas, determinadas ou legitimadas pela pesquisa científica. Desse modo, um partido político fala de uma política científica quando pretende que a sua política utilize a ciência. Trata-se nesse caso de uma política pela ciência.
O filósofo da ciência Habermas considera que se pode classificar a maneira de ver as interações entre a ciência e a sociedade em três grupos distintos, sendo eles, interações tecnocráticas, decisionistas e pragmático-políticas. Estas, jamais existem em estado puro, trata-se de modeles conceituais que permitem uma representação do que ocorre.
A aparente neutralidade dos tecnocratas provém do fato de que as decisões importantes foram tomadas quando se adotou determinado paradigma disciplinar ou determinado método interdisciplinar. Ao adotá-los, aceita-se de maneira cega os seus pressupostos. Desse modo, o médico só pode ser tecnocrata se escolher utilizar os valores e todos os pressupostos da medicina científica.
Enquanto o modelo tecnocrático entregava todo o poder aos especialistas, o modelo decisionista aceita que as pessoas tomem decisões tendo em vista a sua vida, dando pareceres com base em valores que são importantes para elas. Deste ponto de vista, este é um modelo mais