Ciencias SOciais
Roland Barthes (MITOS)
Em seu livro Mitologias, Roland Barthes (1993) nos diz que o mito é uma fala; e assim sendo, tudo pode constituir um mito, desde que julgado por um discurso. Mas não é uma fala qualquer: é uma mensagem, um modo de significação, uma forma –constituída por escritas, ou por representações que sirvam de suporte à fala mítica. O mito, pois, não se define pelo objeto de sua mensagem, mas pela maneira como a profere: qualquer representação pode servir de suporte à fala mítica.
Todas as matérias primas do mito pressupõem uma consciência significante, ou seja, é necessário haver, sempre, uma fala, cujos signos podem ser tanto a escrita como a imagem (linguagem objeto), ambas relacionadas ao mito com a mesma função significante.
Os próprios objetos poderão transformar-se em falas, se significarem alguma coisa. Neste sentido, o mito funcionaria como um sistema semiológico segundo, na medida em que considera apenas uma totalidade de signos – constituindo, ele mesmo, um signo global, através do qual se auto-representa. Poderíamos ainda entender a existência, no mito, de dois sistemas semiológicos: um formado pela língua (relação linguagem vs. objeto) e outro, onde o próprio mito funcionaria como metalinguagem.
Certos objetos se inscrevem temporariamente no âmbito do mito, para depois perder seu significado; outros se constituem e permanecem cativos da fala mítica. Mas se há mitos antigos, nenhum mito é eterno - pois a vida e a morte da linguagem mítica dependem dos discursos que se articulam sobre o real. Nessa dinâmica, importância especial é atribuída ao conceito, através do qual toda uma história nova é implantada no mito: denominação, tempo, história - tudo se interliga para fazê-lo existir. Mas, aqui, o que se insere no conceito é menos o real do que um certo conhecimento do real: o