ciencias humanas

O ESPORTE DE UM GÊNERO: UM ESTUDO SOBRE AS BRIGAS DE
GALOS COMO PRÁTICA DE SOCIABILIDADES MASCULINAS
Misael Costa Corrêa 1
Resumo: O presente artigo busca tratar de uma prática cultural popular brasileira considerada, segundo a interpretação da lei, como ilegal. Trata-se das brigas de galos, descritas por muitos de seus participantes como um esporte, muito embora esta classificação fique prejudicada por conta da própria proibição e acabam por se contrapor ao que se entende por esporte. Mesmo assim as rinhas estão presentes no Brasil nas mais diversas regiões e classes sociais, porém é fato que a participação feminina é praticamente inexiste nos ambientes onde galos e homens se enfrentam. Dessa maneira, busco refletir sobre as brigas de galos como um espaço de sociabilidades quase que exclusivamente masculino e heteronormativo, para tanto são utilizados declarações de seus participantes através da coleta de depoimentos realizada entre os anos de 2009 e 2011 em algumas cidades de Santa
Catarina, bem como trabalhos de outros autores que procuraram observar as brigas de galos como um esporte e um local de sociabilidades masculinas.
Palavras-chave: Brigas de galos. Esportes. Masculinidades.
As brigas de galos, antes de qualquer menção a ideia de esporte, segundo as mais diversas fontes históricas, teria surgido na Ásia com a domesticação dos galináceos, sobretudo na China e
Índia, e difundida no Oriente Próximo pelos Persas. A partir dessa região, os galos combatentes foram introduzidos na Europa por fenícios, gregos e romanos, cabendo a estes últimos a disseminação por todo seu Império e até mesmo além de suas fronteiras (SCOTT, 2009:152).
Na Idade Média foram uma diversão comum. Na modernidade, os intercâmbios mundiais permitiram sua introdução na América, onde se tornaram uma importante manifestação sociocultural. Seja como for, as brigas de galos possuem histórias plurais por onde existiram, permitindo salientar que historiograficamente elas