cidades
Raquel Rolnik inicia o livro definindo a cidade. Sua primeira pergunta é: “não seria esse ritmo [feito do movimento incessante de gente e máquinas, do calor dos encontros, da violência dos conflitos] e essa intensa concentração para mim tão sinônimosde urbano, próprios apenas das metrópoles, as cidades que anunciam o século XXI?” (pp.10). E, em seguida, ao recordar de outras cidades, que marcam a história, desde a antiguidade, o que ela assume como ponto de distinção é a relação entre as cidades e seus limites: as gigantescasmetrópoles e as cidades muradas. Conclui, então, que algo que define a cidade é sua aptidão para reunir e concentrar as pessoas.
A partir disso, ela compara as cidades com um imã e com a escrita. Ao escrever sobre a imagem da cidade como um ímã, toca na história da técnica, na passagemda justaposição de materiais tal como eram encontrados na natureza para a composição livre de formas. Ao escrever sobre a cidade-escrita, ressalta o caráter permanente das construções que, juntamente com os documentos que produz, gera memória coletiva.
“Na cidade, nunca se está só”(pp.20). A afirmação introduz a relação que a autora fará entre a cidade e a organização política da sociedade. Ela escreve: “ Da necessidade de organização da vida pública na cidade, emerge o poder urbano, autoridade político-administrativa encarregada de sua gestão. Sua primeiraforma, na historia da cidade, é a de um poder altamente centralizado e despótico: a realeza.” (pp.20). A partir daí, inicia-se a apresentação de idéias que ressaltarão a cidade em dois aspectos: enquanto organização do território e enquanto relação política. A idéia de que, as cidadessugerem, por si só, a centralidade do poder urbano em seus próprios desenhos, ficará cada vez mais evidente no decorrer do livro.
Mas, além de ressaltar a dimensão política da cidade como “o exercício de dominação da autoridade político-administrativa sobre o conjunto