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CHOMSKY E A LINGUÍSTICA CARTESIANACandice GLENDAY *
RESUMO: Este artigo tem por objetivo apresentar e examinar criticamente alguns dos principais argumentos fornecidos pelo linguista norte-americano Noam Chomsky, em favor da tese da origem inata de uma gramática universal, usualmente associada à tradição filosófica racionalista, como constituindo a única explicação possível das características específicas da linguagem humana e de sua aquisição, na mais tenra infância. Serão, por conseguinte, examinadas algumas críticas feitas por Thomas Nagel à tese do assim chamado inatismo biológico de Chomsky e, ao final do artigo, será feita uma defesa dos argumentos de Chomsky em favor de sua tese inatista.
PALAVRAS-CHAVE: Inatismo biológico. Gramática universal. Linguagem. Racionalismo.
Na modernidade, o debate travado entre racionalistas e empiristas marcou o mundo filosófico. Apesar de dizerem respeito antes de tudo a problemas relativos à teoria do conhecimento, essas concepções determinaram também respostas opostas para problemas concernentes a outros ramos da filosofia, como a ética, a filosofia política, a estética etc., acabando por ter também reflexos importantes, bem mais tarde, no tratamento dispensado aos problemas linguísticos (ROBINS, 1979, p. 88).
Como se sabe, uma tese característica dos filósofos racionalistas é aquela segundo a qual os seres humanos seriam possuidores de um
Mestre em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, tradutora e professora de inglês na rede FAETEC.
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Trans/Form/Ação, Marília, v.33, n.1, p.183-202, 2010
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conhecimento não derivado da experiência e, sim, “anterior à experiência”, também chamado de conhecimento a priori. Grosso modo, os racionalistas usavam a expressão “anterior à experiência” em dois sentidos. De um lado, a expressão “anterior à experiência” era tomada em sentido lógico, ou seja, designando a posse de um conhecimento válido