Chaplin
Em Tempos Modernos, Chaplin nos apresenta um tipo de fordismo incompleto tendo em vista que a produção de mercadorias é de massa, mas não se constituiu ainda uma implicação de consumo de massa, o que ocorreria apenas no pós-guerra nos principais paises capitalistas, sob pressão do movimento sindical e político de classe (o compromisso fordista, como diria David Harvey).
O fordismo de Tempos Modernos é apresentado como inovação técnica e organizacional da produção e do processo de trabalho. Ele se caracteriza como prática de gestão na qual se observa a radical separação entre concepção e execução, baseando-se no trabalho fragmentando e simplificado, com ciclos operatórios muito curtos, requerendo pouco tempo para formação e treinamento dos trabalhadores (o que permite, deste modo, a integração na produção capitalista de operários de massa e pessoas simples da plebe, sem grande formação educacional, como é o caso do the tramp, personagem clássico de Charles Chaplin).
O processo de produção fordista fundamenta-se na linha de montagem acoplada à esteira rolante que evita o deslocamento dos trabalhadores e mantém um fluxo contínuo e progressivo das peças e partes, permitindo a redução dos tempos mortos, e, portanto, da porosidade. Esta é a impressão magistral que Chaplin nos apresenta em Tempos Modernos, pois o grande personagem do filme, ao lado de Carlitos, na cena da fábrica, é o sistema de máquina, a esteira rolante que impõe seu ritmo, ditado pelo capitalista, aos demais operários-massa. Em várias