Caçador de pipas
"Isso era um dos problemas com Hassan. O desgraçado do garoto era tão puro que a gente sempre parecia hipócrita perto dele."
O livro é um tapa na cara de quem está acostumado com romances (eu) ou livros com uma história bonita e um final feliz.
O tema central é a amizade entre Amir e Hassan, duas crianças que vivem em mundos opostos em um país cheio de costumes e crenças. Apesar de todas as diferenças possíveis na sociedade preconceituosa afegã, a amizade dos dois era inabalável - até aquele inverno de 1975.
O que afasta a maioria das pessoas de terminar o livro é a injustiça. Acho que só o terminei por já saber o que aconteceria. Quando peguei este livro pela primeira vez, abri logo na página daquela primavera de 1975 ; fechei o livro e o abri naquela em que os soldados falam da mãe do Hassan... acreditem, não são as partes mais convidativas do livro! Com isso, desisti de lê-lo - nem as boas críticas me convenceram. Mas ganhei de presente e fazer o quê? Tinha de ler ele.
Eu, que geralmente não tenho paciência com dramas, gostei bastante de "O Caçador de Pipas". É invejável um amigo como o Hassan; o moleque era tão ingênuo, que se você dissesse que verde passou a ser azul, ele acreditaria - não por ignorância, por confiança.
Alguns trechos do livro:
"Adoraria ter também algum tipo de cicatriz que atraísse a simpatia de baba. Não era justo. Hassan não tinha feito nada para conquistar a afeição de meu pai; simplesmente tinha nascido com aquele estúpido lábio leporino."
[...]
"Sabia que estava sendo cruel, como naquelas vezes em que debochava dele quando não sabia uma palavra qualquer. Mas havia algo de fascinante , embora de um jeito doentio, em implicar com Hassan. Era um pouco como brincar de torturar insetos. Só que, agora, ele era a formiga e eu é que estava segurando a