catadores
Vale mais
U
do que pesa
Agente crucial da reciclagem e peça-chave da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o catador precisa ser remunerado pelo serviço que presta à sociedade e ao ambiente, e não apenas pelo material transacionado
POR DIEGO VIANA FOTOS TOM BRAZ
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PÁGINA 22
SETEMBRO 2013
ma pequena fileira de camionetas com logotipo da prefeitura paulistana se perfila diante de um galpão de 900 metros quadrados às margens do Rio Tietê, em
São Paulo, quase invisível, atrás do muro alto caiado, para o trânsito da via expressa. Ao entrar, os caminhões despejam enormes sacos brancos que, empilhados, atingem quase
3 metros de altura e conferem um aspecto de paisagem lunar ao terreno. Eles trazem material reciclado oriundo dos chamados PEVs, os pontos de entrega voluntária, para serem triados e reenviados para centrais de reciclagem.
Diante do galpão, a organização não é rígida. É difícil distinguir o espaço destinado ao material bruto, aos resíduos já separados e aos fardos de papelão, isopor ou plástico prontos para reciclar. A aparente confusão não existe aos olhos dos quase 70 membros da cooperativa
Viva Bem, que se ocupam do conteúdo dos sacos. São resíduos recicláveis, a maior parte obtida por meio de convênios com empresas.
O material é levado para duas esteiras, triado, prensado e vendido a centrais de reciclagem. Os cooperados são parte dos entre 300 mil e 1 milhão de pessoas no Brasil que trabalham com a recuperação
de resíduos recicláveis, como carroceiros das grandes cidades, catadores nos lixões e separadores nas mesas de triagem. Após décadas de mobilização, só em 2010 esses trabalhadores foram oficialmente contemplados pela legislação. Segundo um estudo do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicado ano passado, 90% da recuperação de resíduos recicláveis no Brasil são fruto do trabalho de catadores, gerando uma movimentação que o Ipea calcula entre
R$ 1,4 bilhão e R$ 3,3 bilhões.
O reconhecimento do trabalho dos