Caso do MST
Há dias em que todos os 45 funcionários dedicam-se exclusivamente ao MST. O gasto dos sem-terra com as camisetas e bonés revela um lado pouco conhecido de uma organização que vem chacoalhando o país. É a versão S.A. do MST. Hoje, os sem-terra atuam como se formassem uma grande corporação empresarial, com to¬das as divisões internas: produção, vendas, logística, finanças, treinamento e marketing. E, como têm capacidade para promover ações relâmpago em diversos pontos do território nacional, muitas delas simultâneas, os sem-terra reúnem quali¬dades que faltam a muitas empresas: liderança, disciplina e determinação.
Na retórica, o MST ainda é bastante duro e agressivo. Os líderes pregam a ocu¬pação à força dos latifúndios, a ampla reforma agrária e até mesmo uma revolução socialista. No entanto, na prática, muitas das iniciativas do movimento são 100% capitalistas. O MST administra um caixa milionário, explora o valor da sua marca como poucas empresas, recolhe vastas contribuições internacionais, vende e exporta seus produtos, faz a intermediação financeira dos empréstimos agrícolas governa¬mentais e treina intensamente seus quadros profissionais. Um exemplo é a constru¬ção de um centro de formação em Guararema, São Paulo, ao custo de R$ 7,4 mi¬lhões. Assim como muitas multinacionais, o MST também terá sua "universidade corporativa", batizada corno Escola Nacional Florestan