Caso do MST

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A empresa têxtil Matrics, localizada em Apucarana, no Paraná, produz cinco mil bonés e duas mil camisetas para um cliente especial: o Movimento dos Trabalhado¬res Rurais Sem Terra (MST). Estima-se que a receita mensal com a encomenda seja de R$ 25 mil, representando um faturamento de R$ 300 mil por ano. Eles sempre pagam em dia. Há oito anos, a Matrics fornece roupas, chapéus e bandeiras para os militantes do movimento. Nenhum cliente da empresa cresceu tanto em tão pouco tempo. E aquilo que, no início, despertava uma certa desconfiança nos donos da Matrics hoje é o carro-chefe da produção.
Há dias em que todos os 45 funcionários dedicam-se exclusivamente ao MST. O gasto dos sem-terra com as camisetas e bonés revela um lado pouco conhecido de uma organização que vem chacoalhando o país. É a versão S.A. do MST. Hoje, os sem-terra atuam como se formassem uma grande corporação empresarial, com to¬das as divisões internas: produção, vendas, logística, finanças, treinamento e marketing. E, como têm capacidade para promover ações relâmpago em diversos pontos do território nacional, muitas delas simultâneas, os sem-terra reúnem quali¬dades que faltam a muitas empresas: liderança, disciplina e determinação.
Na retórica, o MST ainda é bastante duro e agressivo. Os líderes pregam a ocu¬pação à força dos latifúndios, a ampla reforma agrária e até mesmo uma revolução socialista. No entanto, na prática, muitas das iniciativas do movimento são 100% capitalistas. O MST administra um caixa milionário, explora o valor da sua marca como poucas empresas, recolhe vastas contribuições internacionais, vende e exporta seus produtos, faz a intermediação financeira dos empréstimos agrícolas governa¬mentais e treina intensamente seus quadros profissionais. Um exemplo é a constru¬ção de um centro de formação em Guararema, São Paulo, ao custo de R$ 7,4 mi¬lhões. Assim como muitas multinacionais, o MST também terá sua "universidade corporativa", batizada corno Escola Nacional Florestan

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