Carta a uma professora pelos rapazes da escola de barbiana
A experiência dos alunos de Barbiana inicia-se ainda na infância, numa escola estadual do povoado onde moravam na Itália. Ali conheceram um sistema de ensino preconceituoso e racista onde já experimentavam a indiferença por parte da professora que quase não aparecia na escola.
Enquanto estudavam no povoado sofreram discriminações variadas em um sistema que não os acolhiam e, uma professora que não os orientavam, eram motivados a desistir da escola, avaliados com rigor, reprovados e punidos com o abandono, muito cedo eram empurrados para o trabalho no campo e esquecidos.
A instituição de ensino reafirmava apenas valores, linguagens e saberes de uma elite, principal fator do fracasso dos menos favorecidos. Que se intimidavam e cada vez mais ficavam excluídos e humilhados. Alguns eram repetidos numa mesma série várias vezes, a qualidade de ensino ficava prejudicada pelas misturas de classes na mesma sala de aula. Não tinham oportunidades nem condições de competir com os “filhos de papai” que já viam alfabetizados de casa, só eles tinham vez e voz. Alguns alunos que as famílias ainda se interessavam em mantê-los estudando apesar do pouco ou nenhum conhecimento de causa, conseguiram chegar a uma escola que acolhia os alunos fracassados, proporcionando a eles uma educação em níveis maiores que os alcançados pelos filhos da elite.
A escola de Barbiana era a oportunidade de um ensino igualitário e, esta escola foi criada justamente para dar lhes esta oportunidade sem distinção, eram então acolhidos e os que tinham mais dificuldades, muito mais bem acolhidos que se sentiam os donos da escola, fato importante para reforçar os ânimos e, dar início a nova fase alunos tão maltratados pelas experiências anteriores como Giancarlo de 15 anos de idade.
A primeira diferença que notaram foi à sala de aula, apenas com mesas grandes onde os alunos se debruçavam para partilharem os livros que de cada um só existia