Carta a uma mae Cida Moyses
Desculpe meu atrevimento em te escrever, pois não nos conhecemos pessoalmente. Talvez este seja o problema: não nos conhecemos. Então me atrevo novamente e peço: esqueça por instantes tudo que já ouviu falar de mim.
Nunca disse que a ciência médica não propicia avanços na qualidade de vida das pessoas, ou que não há crianças e adolescentes com dificuldades para aprender ou para agir/reagir segundo os padrões mais aceitos.
Você nunca me ouviu dizer que os pais de jovens com dificuldades jogam seus problemas sobre os filhos, são os culpados de tudo e só querem se desresponsabilizar. Sei muito bem o quanto sofrem, buscando o melhor.
Sei que você sabe que não tenho filhos, mas isso não é defeito nem impede que compreenda e acolha crianças e pais, suas dores físicas e afetivas. Aliás, nesses mais de 30 anos como pediatra, não me lembro de alguma mãe falar que não se sentia bem atendida por mim. Afinal, o que busco na formação de futuros médicos é que sejam capazes de se identificar com medos e dores do outro sem que precisem passar pela mesma situação.
Então, o que tenho defendido como médica, pesquisadora e professora de pediatria e que provoca tantos mal entendidos e ressentimentos entre