Carta de Otawwa
Resumo em português
No momento atual, passamos por transição paradigmática em relação a como compreendemos Saúde e Cuidado. O modelo biomédico vem sendo substituído por uma visão integral do homem e, na assistência, privilegia-se a promoção de saúde e a prevenção de agravos
INTRODUÇÃO
Os paradigmas nos oferecem um conjunto de afirmativas sobre o que existe (ontologia), sobre como isto pode ser conhecido (epistemologia) e sobre o modo como a ciência deve trabalhar (ética). A partir do conhecimento destas afirmativas, são estabelecidas as atividades a serem seguidas. As diferentes práticas científicas oferecem modelos que são disseminados e criam formas particulares de tradições na pesquisa científica e de atuação na prática(1).
Entretanto, os paradigmas não são eternos, havendo possibilidades de mudança. A transição paradigmática é um processo acumulativo, que ocorre por articulação ou por extensão do antigo paradigma(1). É uma reconstrução do campo dentro de novos fundamentos, sendo que durante este período de transição haverá problemas que podem ser resolvidos pelo velho paradigma e outros que podem ser resolvidos pelo novo paradigma. Isto ocorre até que a transição esteja completa, quando então se fazem mudanças na visão do campo, dos métodos, dos objetivos e das práticas.
Vivemos atualmente em tempos de transição paradigmática. Dentre outras coisas, nesta transição, as mudanças vêm influenciando o modo como entendemos a saúde, como entendemos o cuidado e como entendemos a formação dos profissionais que cuidam da saúde.
Em relação à saúde, desde a Declaração de Alma-Ata em 1978, esta vem sendo pensada de modo positivo. Pensar a saúde de modo positivo representa uma mudança grande de paradigma, já que o foco não é mais o déficit, a ausência da saúde ou ausência de enfermidade, e sim o bem estar biopsicossocial. Com base nesta visão, serviços de saúde vêm sendo criados e