Carta de mestre joão
Este artigo tem o objetivo analisar a “Carta de Mestre João”, que foi escrita por um astrólogo tripulante da esquadra de Cabral, que se dirigia à Índia em 1500. Essa “Carta”, datada em Primeiro de Maio de 1500 e dirigida a D. Manoel, de Vera Cruz, tem muitas informações sobre os conhecimentos científicos da época, pois nela há relatos das experiências do astrólogo com os instrumentos náuticos, descrições das técnicas utilizadas para a obtenção de latitudes utilizados naquele período e o primeiro registro da descrição do Cruzeiro do Sul que se tem notícias. Devido a “Carta” trazer, como aspectos mais relevantes, questões referentes à astronomia náutica portuguesa, desenvolvida no final do século XV, fez-se necessário uma abordagem do desenvolvimento do saber astronômico com o fito de melhor elucidar as questões do documento a ser analisado. Para abordar a situação da astronomia náutica portuguesa, no século XV e analisar a “Carta de Mestre João” utilizamos como bibliografia básica as obras de Luís de Albuquerque, especialista nos estudos da náutica astronômica, utilizada na época da expansão marítima e, também, as obras de Jaime Cortesão. Conforme especialistas da arte náutica, como Emmanel Paulle e Joaquim Bensaúde, convencionou-se definir como astronômica toda a náutica que utiliza pelo menos uma coordenada, obtida através da observação de um astro, para definir a posição rigorosa ou aproximada de um navio.2 Segundo Albuquerque (1975), a definição da posição de um navio através dos astros se verificou na marinharia portuguesa, em meados do século XV, assim que os mareantes sentiram necessidade de localizarem-se em alto mar.
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Doutora em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, Professora Adjunta do Curso de História da Universidade Federal do Tocantins, Campus Universitário de Araguaína.
Desde o século XII, portugueses,