Carta da terra
Fundamentação teórica:
Desenvolvimento sustentável: ambíguo1
“Foi pedido que eu falasse de ‘sustentabilidade e ética’. Primeiramente, vou falar da expressão da moda ‘desenvolvimento sustentável’. Na verdade essa expressão é fundamentalmente ambígua, porque ainda se trata de um aumento na produção e um aumento no consumo e isto porque, aparentemente, a riqueza de uma minoria precisa crescer ainda mais. O slogan ‘desenvolvimento sustentável’ é o instrumento para que o capitalismo continue avançando. A economia devasta a natureza e cria desigualdade. Esta economia – desvinculada de controle político e de ética – é como um rebanho de ovinos que come tudo o que vê pela frente. Sem limites. O homem ocupa, atualmente, 83% do planeta e hoje já ultrapassamos em 20% a capacidade de regeneração da terra. No ano de 2002 foi realizado o ‘Rio + 10’ (1). Bem, mesmo que tivéssemos executado as medidas pactuadas em ‘Johannesburgo’ (1) a partir de 2002, ainda assim a terra não seria mais sustentável em 2030. Nós precisamos de um novo paradigma civilizatório. É por isso que precisamos privilegiar a sustentabilidade em todas as dimensões da vida. Para isto, precisamos de uma nova ética.
Ética com uma nova ótica. Trata-se de uma visão ampla e holística. ‘Meio ambiente’ não existe. Todos os seres vivos, em conjunto, formam a comunidade da vida. Para esta nova ética, são necessários quatro princípios e quatro virtudes:
Princípios:
1. Dar centralidade à ‘afetividade’ e não à razão. Enquanto pessoas, nós somos fundamentalmente ‘sentimento’. O novo conceito ‘inteligência emocional’ é, portanto, um passo firme na direção certa.
2. O ‘cuidado’ está vinculado a ela. Para Heidegger, é a essência da vida. Tudo o que é cuidado dura mais. ‘Cuidar’ até a própria morte. ‘Cuidar’ de nossa própria espiritualidade. Um dos mais conhecidos textos da ONU é ‘Cuidando da Terra’. E a ministra do meio ambiente, Marina Silva, e outros ministros organizaram a II Conferência Nacional