Carrinho
Tania Regina de Luca Depto de História UNESP/Assis Pesquisa financiada pelo CNPq.
A tensa relação entre o governo Vargas e a imprensa já foi destacada pela bibliografia especializada. Entretanto, predomina uma visão urdida a partir da perspectiva do aparato estatal, como se suas intenções de governantes, seus interlocutores e porta-vozes tivessem sido impostas de forma plena. Supõe-se que as propostas e ações controladoras esbarrassem numa imprensa dócil, quer por conivência e/ou interesses pouco nobres, quer pelo terror imposto pela atuação dos órgãos da censura. Sem negar a inconteste truculência do regime, o que se pretende é matizar tal visão a partir da pesquisa sistemática em algumas das revistas de caráter cultural e literário – caso da Revista Acadêmica (1933-1948), Dom Casmurro (1937-1943), Revista do Brasil (1938-1943), Diretrizes (1938-1944), por exemplo – que circularam na chamada Era Vargas (1930-1945). Trata-se de investigar se havia alguma possibilidade de fazer oposição ao projeto hegemônico, ainda que de forma enviesada e cuidadosa. Se não é o caso de afirmar a existência de uma proposta alternativa ao projeto cultural varguista, claramente delineado no decorrer no Estado Novo (1937-1945), trata-se de averiguar se nas páginas desses periódicos não houve espaço para, pelo menos, não engrossar o coro dos que defendiam os rumos políticos e culturais adotados. O que se almeja, portanto, é contribuir para tornar menos homogênea a visão dominante sobre o período.
O Estado Novo e o controle da informação
O Estado Novo tem recebido particular atenção dos historiadores. O quadro bibliográfico atual é muito diverso daquele descrito na coletânea Estado, ideologia e poder, publicada em 1982 e que se tornou um marco nos estudos sobre o período. Na apresentação, Lúcia Lippi de Oliveira afirmou: O período conhecido por Estado Novo, que