CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ECOSSISTEMAS ESTUARINOS
1 - Estuários e sistemas lagunares como sistemas de fronteira
Os estuários representam uma fronteira entre os meios marinho, terrestre e fluvial, comunicando com a área oceânica correspondente à zona litoral. De um ponto de vista biológico, os estuários têm sido considerados dos habitats naturais mais produtivos do mundo, representando áreas vitais de alimentação de muitas espécies de aves (e. g. limícolas e outras aves aquáticas), de reprodução de muitas espécies de peixes, assim como locais de pesca costeira. Além disso, os estuários constituem áreas de enorme interesse para a compreensão dos processos adaptativos de plantas e animais, confrontados com o desafio de condições ambientais muito variáveis à escala espacial e temporal.
2 - Definições de estuário
Um ecossistema estuarino é uma reentrância costeira profunda com uma comunicação restrita com o mar e que permanece aberta pelo menos intermitentemente. O ecossistema estuarino pode ser subdividido em três regiões: a) Uma zona de maré fluvial, caracterizada pela ausência de salinidade, mas sujeita ao efeito das marés; b) Uma zona de mistura, o estuário propriamente dito, caracterizado pela mistura de massas de água e pela existência de fortes gradientes, físicos, químicos e biológicos entre a zona de maré fluvial e a embocadura de um rio ou de um delta na baixa-mar; c) Uma zona de turbidez no mar aberto, junto da costa, entre a zona de mistura e a extremidade da pluma de maré no pico da baixa-mar.
Seja qual for a definição considerada, torna-se evidente que muitos fatores físicos e químicos, que atuam naturalmente no ambiente estuarino, estão intimamente relacionados com a distribuição de salinidades, com a força das correntes e a agitação marítima, com a amplitude das marés e com a circulação hidrodinâmica em geral. Estes processos condicionam e interatuam com a deposição de sedimentos e, todos em conjunto, condicionam os níveis de oxigénio