CARACTER STICAS Da Obras
A obra de Lima Barreto é uma crônica autêntica dos subúrbios cariocas e de sua população, retratando, de um lado, a população pobre e oprimida desse subúrbio e, de outro, o mundo vazio de uma burguesia medíocre; de políticos poderosos e incompetentes e de militares opressores. Parece refletir, muitas vezes, a própria experiência do autor, principalmente a dos negros e mestiços, que sofriam na pele o preconceito racial. Prendendo-se à autenticidade histórica daquele tempo, sua ficção retrata acontecimentos importantes da vida republicana. Consciente dos problemas, critica o nacionalismo exagerado e utópico, oriundo do Romantismo. É sempre a República Velha o tema da caricatura que surge na ficção de Lima Barreto. Da República se fez opositor irascível e irreversível, implacável e demolidor — utilizando os recursos da sátira, da ironia, da caricatura, da crítica contundente, desmontou todo o esquema de sustentação do regime republicano recém-implantado. As mazelas do governo republicano, o grau de corrupção política e econômica que empestava o regime, não se cansou de causticá-las por toda a sua obra. Crítico intransigente dos presidentes republicanos, do florianismo e do hermismo, do jacobinismo, da intervenção dos militares na política, de formas de governo autoritário e ultracentralizado e militarizado, de todo e qualquer tipo de violência na sociedade, das ideologias intolerantes. Lima Barreto era um crítico mordaz da sociedade do seu tempo. Vivendo no Rio de Janeiro da recém-proclamada República, pouca coisa escapava de seu olhar perscrutador. Os contos de Lima Barreto, em maior ou menor grau, são exemplos de relações e interações entre modos tradicionais de narrar e as especificidades do denominado conto moderno. Fogem a parâmetros estabelecidos para o gênero; mantêm, sob a qualidade literária intrínseca, amplitude e coerência temáticas e estilísticas presentes, de resto, em toda sua obra ficcional — nos romances e nas novelas