Capitulo 4
Para responder a esta questão levantada pelo próprio autor, o mesmo sentencia que “compreender, no entanto, nada tem de uma atitude de passividade”. Mas que “por muito tempo o historiador passou por uma espécie de juiz dos Infernos, encarregado de distribuir o elogio ou o vitupério aos heróis mortos”. Para ele, o “velho antropocentrismo do bem e do mal” já não cabe mais e a alternativa plausível é buscar a compreensão e abandonar o julgamento, sem desconsiderar as diferenças.
Bloch faz uma análise do trabalho do historiador frente aos fatos históricos. Coloca o leitor frente a uma questão diante da postura assumida pelo pesquisador histórico. Ser ou não ser imparcial.
No que se refere a imparcialidade aponta para duas vertentes: a do cientista e a do juiz. Ambas “submissões” à verdade. Ao passo que o cientista com o método científico positivista faz sua análise dos fatos, o juiz, com a intenção de conhecer como os fatos ocorreram, interroga as testemunhas. Para ilustrar isso, cita Heródoto, com expressão de que num fato histórico deve-se contar o que foi (fato) de tal forma como aconteceu.
Um ponto extremamente relevante defendido por Marc Bloch é o cuidado que o historiador deve ter com o que ele chama de “juízo de valor”. Uma perigosa armadilha para o ofício. A ideia de juiz dos “infernos”, que teria de tecer “elogios ou vitupérios aos heróis mortos”.
Então, ele novamente alerta para a busca pela compreensão dos fatos, através de uma análise livre de valores enraizados de um comportamento que nos impõe uma “rotulagem” sumária que nos dá uma ideia equivocada de julgá-los, justos ou malditos. “A força de julgar, acaba-se, quase fatalmente, por perder até o gosto de explicar, salientar”. “O