Capital e Burocracia
Pretende-se estudar a grande transformação política vista no Partido dos Trabalhadores (PT), desde a emergência do "novo sindicalismo" até seu projeto de poder efetivado em seu primeiro governo (2003-2007). Não recorreremos a um recorte histórico rígido, nem pretendemos esgotar mais de 25 anos da história do PT, mas sim apreender o devir supracitado (a partir de algumas referências marcantes ao seu passado e da realidade do PT à frente do governo federal). Assim, será mais esclarecedor observar como ocorrem as relações entre os setores organizados do trabalho e sua totalidade com as estruturas do capital, sem esquecer que esta relação se dá por todo o mundo, como modo de produção d'o capital. Este projeto se alinha às "bandeiras históricas" dos trabalhadores, com seus objetivos estratégicos de emancipação. É fundamental investigar a relação entre os trabalhadores e os setores que se descolam de suas propostas radicais, pois não há dúvida da importância dos elementos ideopolíticos na construção da história e na intervenção do Serviço Social, como apontaremos adiante. Nosso interesse pelo tema advém tanto da formação em Ciências Sociais como da atuação política, em meio à qual pudemos observar de perto as tendências e contratendências do movimento dos trabalhadores. Realizamos, antes deste projeto, uma pesquisa prévia, e percebemos, deste confronto entre capital e trabalho na totalidade do tempo-espaço, a tendência do movimento dos trabalhadores em burocratizar-se. Postulamos que a única contratendência possível a esta seria a unidade de teoria e ação radical, que se fez problemática devido aos acontecimentos dos séculos XIX e XX. Assim, nosso estudo também trata das questões que envolvem o extremo antagônico à direção hegemônica do movimento popular, o campo burocrático, que explicaremos adiante. Se a única contratendência à burocratização é o movimento, radical e consequente, dos trabalhadores,