Caito Maia
Os amigos adoravam quando ele abria as malas repletas de óculos, vendidos não pelos 5 reais dos camelôs, nem pelos 800 cobrados nas óticas mais chiques, mas por algo em torno de 50. Foi quando abandonou a banda para levar a vida de empresário mais a sério. Ele desenhava os óculos, que eram importados da China.
Em 2000, abriu o primeiro quiosque num shopping. Hoje, a Chilli Beans controla uma rede de 560 lojas e quiosques em sete países e tem como sócio o fundo de investimento Gávea, que pagou estimados 100 milhões de reais por 30% da companhia — avaliada, assim, em cerca de 300 milhões de reais.
O ex-roqueiro Maia conseguiu realizar a proeza típica dos pioneiros — ficou rico apostando num mercado que nem sequer existia. Mas eis aqui o paradoxo desse pioneirismo. Maia provou que existia uma forma de ganhar dinheiro vendendo óculos no Brasil. A concorrência estrangeira notou — e decidiu que chegou a hora de esmagar o ex-roqueiro.
Concorrentes avançam
O grupo italiano Luxottica, que fatura 10 bilhões de dólares e é dono das marcas Ray-Ban, Oakley e Vogue, é a maior ameaça. Até 2011, seus óculos estavam fora do alcance da classe média brasileira. Custavam no mínimo 400 reais. A Chilli Beans começou cobrando 70 (hoje o mais barato é 120) — se o produto não era um Ray-Ban, a diferença de preço compensava. Mas isso tudo está mudando numa velocidade impressionante.
Para baratear os custos, em 2011 a Luxottica comprou a Tecnol, um dos maiores fabricantes de óculos do Brasil. Até o fim de 2014, 55% da produção será local. A Luxottica também trouxe ao país sua rede de varejo — a Sunglasses Hut, com 2 700 lojas (45 delas já estão no Brasil).
“Nosso