Bullying
- Leiam abaixo os fragmentos do texto: QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. Foram muitos, os professores in ABRAMOVICH, Fanny (org.). Meu professor inesquecível. São Paulo: Editora Gente, 2008. Disponível em: http://lendoeescrevendonaalfabetizacao.blogspot.com.br/2010/12/foram-muitos-os-professores.html Acesso em 08/03/2013 FORAM MUITOS, OS PROFESSORES (*) Bartolomeu Campos de Queiroz "Minha mãe guardava com cuidados de sete chaves, sobre a cômoda do quarto, três cadernos. No primeiro, ela copiava receitas de amorosos doces: suspiros, amor em pedaços, baba-de-moça, casadinhos, e fazia olhode-sogra de cor. No segundo caderno, ela anotava riscos de bordados, com nomes camuflados em pesares: ponto-atrás, ponto de sombra, ponto de cruz, ponto de cadeia, laçadas e nós. No terceiro ela escondia longas poesias, boiando em sofrimentos: A Louca d’Albano, Tédio, 0 Beijo do Papai. Eu reparava seus cadernos, encardidos pelo tempo e pelo uso, admirava sua letra redonda e grande, com caneta de molhar, sem ainda desconfiar das palavras. Eu sabia do todo, sem suspeitar das partes. Durante muitas tardes, com o pensamento enfastiado de passado, ela passava as páginas, lentamente, espreitando as folhas vazias, como se cansada de escrever e de pouco exercer. Eram sempre as mesmas comidas, os mesmos pontos, a mesma poesia e muito por decidir. Meu pai, junto ao rádio no alto da cristaleira e longe do meu alcance, protegia alguns poucos livros sobre homens célebres, com vidas prósperas sem precisar viajar de sol a sol. Aos pedaços ele lia os compêndios, escutando a Voz do Brasil ou o Repórter Esso. Eu apreciava seu silêncio, sem me aventurar em perguntas ou demandas. De vez em quando ele interrompia a leitura e me acariciava com os olhos, me amando sem mãos, como se me desejando outros futuros diferentes do seu. (...) (...) Minha avó, toda manhã, ainda em jejum, arrancava a página da folhinha Mariana e lia as recomendações. Meditava, cambaleando no meio da sala,