Breve Panorama Histórico da Ética
Franklin Leopoldo e Silva
Professor, Departamento de Filosofia Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Este texto procura esboçar as principais tendências observadas historicamente no desenvolvimento da reflexão em Ética. O esforço para compreender as condições da ação moral esteve sempre vinculado ao ideário filosófico-cultural vigente nas diferentes épocas históricas: o saber prático, o sentido moral, o intelectualismo, o formalismo, o intuicionismo representam algumas das direções em que caminhou o pensamento em busca de uma definição do valor moral. Contemporaneamente a recuperação da experiência moral mostra-se como a perspectiva mais promissora para um novo modo de abordar a questão do fundamento ético.
Dentre todas as preocupações que motivaram a reflexão desde os primórdios da cultura ocidental, é bem possível que a Ética tenha sido a primeira. Por tudo o que se conhece da civilização grega em seus períodos mais arcaicos, sabe-se que as elaborações místicas, as religiões, a poesia, a tragédia, a organização da vida política e outras manifestações do pensamento ocupavam-se intensamente com o significado ético da vida humana. Quando nos voltamos para as primeiras tentativas de ordenação do pensamento em função da explicação do mundo e do lugar que o homem nele ocupa, notamos imediatamente a mescla dos objetivos de compreensão do cosmos, como ordem física, com a preocupação em atingir os princípios de caráter ético que fundamentam e governam a organização do universo. Tanto é assim que não se pode separar com exatidão o conhecimento físico da reflexão acerca dos valores intrinsecamente ligados à dinâmica do mundo natural.
Isto nos revela que o saber no estágio de suas primeiras organizações sistemáticas não separava nitidamente, como o fazemos hoje, o mundo natural do homem que o habita. E isto muito simplesmente porque se considerava que o ser