Breve História das Salinas do Maio (sécs. XV - XIX)
A rentabilização das salinas de Cabo Verde, e em particular as do Maio, nunca inspirou um excepcional interesse para os portugueses, devido à grande abundância de sal em Portugal, que já era explorado e exportado antes da sua nacionalidade. Em Portugal, encontram-se salinas no Rio Sado, nomeadamente em Setúbal e Alcácer do Sal, no Rio Tejo - as chamadas do Trancão e as de Alcochete - em Aveiro, Figueira da Foz, Tavira, Olhão, etc.! Quando os portugueses identificaram e começaram a povoar as ilhas de Cabo Verde em 1460-62, depararam com mais daquele produto nas ilhas do Maio, Boavista, Sal, e até em Santiago, naturalmente não desenvolvendo particular interesse pela sua exploração. Isso não apenas por sobejar em Portugal, mas também porque significaria concorrência aos centros salíferos metropolitanos, mais acessíveis à demanda europeia. Um factor que ampliou esta indiferença portuguesa pelo sal de Cabo Verde, foi a jurisdição administrativa estabelecida para o arquipélago. Logo em 1460-62 foi instituída para Cabo Verde aquilo a que se chamava de Donataria, autêntico domínio senhorial à maneira feudal. Na Donataria, alienava-se património da Coroa a um grande senhor, normalmente da Casa Real, o qual se constituía como figura que apenas tinha por impedimentos não poder cunhar moeda, não poder fazer declarações de guerra ou de paz, e não poder aplicar pena de morte ou de talhamento de membros; em tudo o mais tinha absolutos poderes na Donataria. O Donatário tinha no entanto obrigações para com o Rei, porque não deixava de ser vassalo, o que para Cabo Verde se deveria traduzir em promover o seu povoamento e infra-estruturas. D. Fernando, primeiro donatário de Cabo Verde, apenas elegeu Santiago e Fogo para povoamento, onde concedeu terras para propriedade privada ou para usufruto de outros, mas todas as restantes ilhas eram espaço exclusivo da Donataria. Isto significava que, se em Santiago e Fogo se