Braudel
O historiador dispõe seguramente de um novo tempo,elevado à altura de uma explicação onde a história pode tentar inscrever-se , dividindo-se de acordo com referências inéditas, segundo essas curvas e sua própria respiração. Certas estruturas, por viverem muito tempo, tornam-se elementos estáveis de uma infinidade de gerações: atravancam a história, incomodam-na, portanto, comandam-lhe o escoamento. Outras estão mais prontas à se esfarelar. Mas todas são ao mesmo tempo, sustentáculos e obstáculos. Obstáculos, assinalam-se, como limites ( envolventes, no sentido matemático) dos quais o homem e suas experiências não podem libertar-se. Pensai na dificuldade de quebrar certos quadros geográficos, certas realidades biológicas, certos limites da produtividade, até mesmo, estas ou aquelas coerções espirituais: os quadros metais também são prisões de longas durações.
Todos os misteres das ciências sociais não cessam em transformar-se em razão de seus movimentos próprios e do vivo movimento do conjunto. Todas as ciências do homem, inclusive a história, estão contaminadas uma pela outra. Falam a mesma linguagem ou podem falá-la. As ciências sociais tende a escapar sempre à explicação histórica: escapam-lhe por dois procedimentos quase opostos: uma fatualiza, ou se quisermos atualiza em excesso os estudos sociais.