Bras
(Machado de Assis)
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Memórias póstumas de Brás Cubas Escrita após sua morte por um narrador- personagem, Brás Cubas,esta memórias póstumas...constituem um grandioso romance,de leitura difícil mais profundamente enriquecedora.O fato de Brás Cubas colocar-se como um ´´defunto autor``,isto é,como alguém que conta sua vida de além-túmulo,dá-nos a impressão,de que este relato seria caracterizado pela isenção,pela imparcialidade de quem já não tem necessidade de mentir,pois deixou o mundo e todas as suas ilusões.Entretanto ,esta é uma das famosas armadilhas machadianas contra a credulidade do leitor ingênuo e romântico da sua época. No capítulo XI do ramance - O menino é o pai do homem - Brás Cubas relata sua infância:´´cresci naturalmente,como crescem as magnólias e os gatos``.No entanto, o próprio narrador-personagem nega tal naturalidade,numa das típicas ironias machadianas:´´Talvez os gatos são menos matreiros e, com certeza,as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância``. De acordo com a malícia que sugere a respeito de si próprio,Brás Cubas foi um menino matreiro,merecedor do apelido de ´´menino-diabo`` que lhe fora dado:maltratava os escravos,mentia,escondia os chapéus das visitas,colocava rabo de papel em pessoas graves,puxava cabelos,dava beliscões,enfim,possuía temperamento maligno,contando invariavelmente com a cumplícidade do pai,que o superprotegia,e com a fraqueza da mãe,sempre omissa em relação a ele..... Crescendo neste contexto familiar que o favorece e justifica-lhe as traquinagens,tranforma-se num adulto egocêntrico,mentiroso,cínico,entediado e petulante,atribuindo-se uma importância indevida,para assim disfarçar a sequência de fracassos a que, de fato, sua vida se reduziu. Na juventude,envolve-se com