Bolsa Família
Ianni “está em curso um processo de beatificação do trabalho, para que o trabalho ganhe dignidade, a sociedade progrida e o capital se multiplique” (Ianni, 1991, p. 8).
Após séculos de economia agro-exportadora o Brasil ingressou num processo de industrialização, industrializando-se o campo e a cidade, articulando recursos privados e públicos, nacionais e estrangeiros. A transição do capitalismo competitivo ao monopolista no Brasil ocorreu da mesma forma que se deu na periferia dos centros mundiais, porém com certas peculiaridades quanto ao “modelo universal da democracia burguesa”. Segundo Iamamoto, no país essa transição não foi presidida por uma burguesia com forte orientação democrática e nacionalista voltada à construção de um desenvolvimento capitalista interno autônomo. Ao contrário, ela foi e é marcada por uma forma de dominação burguesa que Fernandes qualifica de “democracia restrita” – restrita aos membros das classes dominantes que universalizam seus interesses de classe a toda nação, pela mediação do Estado e de seus organismos privados de hegemonia. O País transitou da “democracia dos oligarcas” à “democracia do grande capital”, com clara dissociação entre desenvolvimento capitalista e regime político democrático. (Iamamoto, 2011, p. 131)
Nesse sentido, o Estado teve papel imprescindível no caminho trilhado por essa burguesia no alcance do poder, pois ocorrendo a modernização “pelo alto” as classes dominantes tinham “autorização” desse Estado para se anteciparem às pressões populares e realizarem mudanças para a preservação da ordem. Além disso, elas