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De novo o poder inca me arrebatou. Totalmente. Q’enqo é um templo labiríntico que aproveita formações rochosas naturais e acrescenta construções e intervenções incas. Pouco antes de alcançarmos as ruínas de Q’enqo, passamos por um cachorro moribundo que tinha sido recém atropelado, ou estava muito doente mesmo. Agonizava e tropeçava na própria morte. Todos nós ficamos tristes ao ver o cachorro. Depois, fiquei ainda mais triste ao me lembrar da compaixão que tivemos com o cão. É triste, mas é a realidade. Mesmo em São Paulo, deparamos muitas vezes com flagelos humanos que se arrastam e imploram moedas para sobreviverem, vemos crianças magras trabalhando e mendigando. Vemos amputados, deformados e outras terríveis mazelas da carne.
Vemos o inferno à nossa porta e nos acostumamos com isto. Passamos a achar que é normal. Fazendo agora uma sessão de autocrítica, vejo o quão bruto e insensível que o ser humano pode tornar-se. Na viagem mesmo, já tínhamos visto muita pobreza e abandono, ficamos chateados e impressionados. Um cachorro a mais e foi o suficiente para ver que já estávamos ficando acostumados com a tragédia humana, passando a encarar como se fosse algo natural.
Mais uns 30 minutos de caminhada e estávamos próximos da maior ruína inca da região de Cuzco, Saqsaywaman. No caminho, vi uma cena que me alegrou. Passando por um povoado, vimos um campo de futebol improvisado e muita gente jogando bola. Era uma alegria festejada sem grandes motivos aparentes. Estavam felizes e ponto final. Celebravam nada mais além da própria vida. Crianças, idosos, mulheres, adultos, todo mundo no mesmo jogo. Não queriam ganhar nada. Queriam rir, se divertir. Pedro e Anselmo, em momentos diferentes, também comentaram a cena. De tão poucos sorrisos que vimos nos