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BIOS – ROBERTO ESPOSITO

Roberto Esposito, critica a interpretação de Michel Foucault sobre a Biopolítica. Segundo o pensador italiano, a interpretação Foucaultiana é repartida e dupla, de modo a não resolver o que Esposito denominou “O Enigma da Biopolitica”, isto é: como a biopolitica, que tem por finalidade a proteção e promoção da vida, pode também gerar a morte? Ou seja, segundo Esposito, por mais radicais e inovadoras que sejam as análises Foucaultianas acerca da natureza e dos modos de exercício da biopolitica, Foucault é incapaz de resolver o seu enigma. O grande argumento de Esposito é que o enigma da biopolitica consiste na inegável constatação de que ela cria e produz vida quanto produz efeitos da morte. Segundo o pensador italiano, a limitação Foucaultiana reside na consideração desse duplo traço da biopolitica em termos antitéticos e, pois, contraditórios. A solução que ele defende se assenta no que chamou “paradigma imunitário”.
“Tal como o sistema imunológico de um organismo, a imunidade política é uma proteção negativa da vida” (ESPOSITO, 2004 pag. 24)
Esposito crê assim escapar daquilo que chamou de enigma da biopolitica, pela dissolução, ou a menos pela neutralização, da relação entre a vida e morte, demostrando que ela não é dupla e antitética, mas sim que de imanência entre uma e outra. Partindo da acusação dirigida à limitação Foucaultiana sobre a biopolitica: Esposito tem razão em sua acusação? Foucault não resolve o enigma da biopolitica pela dificuldade de discernir biopoder de biopolitica? A hipótese mais sensata é a leitura Foucaultiana da biopolitica não incorre em tal suposto paradoxo, por dois aspectos: primeiramente porque há uma relação de imanência entre a biopolitica, a vida e vida, pelo modo que regula as relações de norma e normalidade. Assim, para a biopolitica, a vida é seu objeto e fim último mesmo, ao tempo em que é a vida que, transformada em valor, se configura em norma, possibilitando ações e estratégias biopoliticas