Bioquímica e patologia

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A gênese da patologia imunológica
Nelson Vaz Departamento de Bioquímica e Imunologia, Instituto de Ciências Biológicas Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte, MG Brasil - [e-mail]

A conservação robusta do viver saudável Já se comentou, com razão, que o experiência vivida de Leuwenhoek ao ver os primeiros micróbios, no século XVII, foi incomparável a qualquer outra experiência humana. Foi a entrada em um mundo espantoso até então inexistente. A Teoria dos Germes de Pasteur que responsabilizou alguns desses micróbios por doenças infecto-contagiosas foi um segundo grande passo de nosso conhecimento sobre esse mundo de seres invisíveis a olho nu, mas teve o inconveniente de nos fazer supor que estamos cercados de incontáveis inimigos desconhecidos (Gradmann, 2000). Falta agora um terceiro passo no sentido de entender que apenas uma parcela irrisória desses micróbios pode desencadear doenças no organismo humano. Essa afirmação se torna cada vez mais relevante, com o progresso dos métodos de detecção e enumeração de microorganismos e vírus por amplificação de ácidos nucleicos, que dispensam a necessidade de cultivá-los, que possibilitou a constatação espantosa da presença de uma imensa quantidade e variedade de seres vivos em todos os ambientes do planeta. Procariotas (bactérias e archeas) constituem, certamente, a maioria dos seres vivos (Whitman, Coleman and Wiebe, 1998; Torsvik, Ovreås and Thingstad, 2002; Fraser, 2004;

Giovannoni, 2004), inclusive na superfície e no interior de organismos multicelulares. Por exemplo, cerca de 700 espécies bacterianas já foram detectadas na mucosa oral humana (Curtis, 2003) e há evidências de que bactérias colaboram na morfogênese do intestino (Stappenbeck, Hooper and Gordon, 2003; Hooper, 2004). Vírus são as entidades biológicas mais comuns nas águas dos oceanos onde eles existem na concentração de dez bilhões de partículas por litro. Provavelmente, esses vírus infectam todos os organismos, podem