Biologia

Nona Cena: Sala. Maria Bárbara e Padre Diogo
Maria Bárbara: Sabe? Já descobri tudo!
Padre Diogo: Tudo, o quê?
Maria Bárbara: O motivo de todas as desgraças que nos têm acontecido ultimamente.
Padre Diogo: E qual é?
Maria Bárbara: O cabra é bode, ora essa!
Padre Diogo: Bode?! Como?
Maria Bárbara: Pois lho digo, Raimundo é maçom!
Padre Diogo (fingindo indignação. Simular voz debochada): Ora o que me conta a senhora!
Maria Bárbara: É o que lhe digo, senhor cônego, o cabra é bode!
Padre Diogo: Mas isso é sério? Como veio a senhora a saber?
Maria Bárbara (voz debochada): Se é sério... Não me acreditas? Pois vejas este folhetim que Dias encontrou na gaveta do Mundico! (entrega um livro para o cônego. Observação: tomar cuidado para não mostrar a capa) Veja esta bruxaria, reverendo! Veja e diga se o danado tem ou não parte com o tinhoso!
Padre Diogo (lendo o título do livro): "Lenda Maçônica ou condutor das lojas regulares, segundo o rito francês, reformado" (levanta os olhos da capa do livro e volta a falar com Maria Bárbara) Sim senhora! Tem toda a razão! Cá estão os três pontinhos da patifaria! (abre o livro e lê uma das primeiras páginas) “Maçons, penetremo-nos da nossa dignidade! A retidão de nossos votos, a união de nossos trabalhos, e a harmonia de nossos corações, alimentem sem cessar o fogo sagrado, cuja claridade resplandecente ilumina o interior de nossos templos!” (fecha o livro e volta-se para Maria Bárbara) É preciso pôr esse homem para fora de vossa casa o quanto antes! O compadre está aí?

Maria Bárbara: Creio que sim, no armazém.

Padre Diogo: Pois vou convencê-lo. Até logo.

Maria Bárbara: Veja se consegue, reverendo. Não imagina a arrelia (observação: arrelia refere-se à irritação de Maria Bárbara quanto ao assunto) que me faz vê-lo todo o santo dia ao lado da minha neta na mesa de jantar! É preciso pôr o homem para fora! Isto não tem jeito! As Limas já falaram muito; outro dia Brígida me disse que na quitanda do Zé lhe perguntaram