Bioinformatica
João Meidanis
Fala-se muito bioinformática nos tempos atuais. Esta nova ciência, filha pródiga de duas das áreas do conhecimento que mais têm crescido nas últimas décadas, a biologia molecular e a informática, tem atraído inúmeros pesquisadores com seus objetos de estudo singulares, entre os quais figuram as seqüências das moléculas de DNA e de proteínas que existem nos seres vivos. Mas, para que um ramo do conhecimento apareça, cresça e se firme na complexa rede das atividades humanas de uma sociedade, é preciso que seja importante o suficiente para que pessoas e organizações se disponham a sustentá-lo, investindo nele seu tempo e dinheiro.
No caso da bioinformática, uma componente enorme da sua manutenção é devida às grandes empresas multinacionais farmacêuticas. Para entender o porquê do interesse dessas empresas na área, é preciso analisar com detalhe a maneira como funciona uma grande farmacêutica, isto é, de onde vêm os seus custos e suas receitas, e em que momentos dos ciclos de vida de seus produtos estes custos e receitas ocorrem. Uma grande farmacêutica tem como base de sua receita a venda de remédios específicos, que não podem ser fabricados por nenhum concorrente devido às patentes que a empresa detém. A grande farmacêutica não se preocupa com a otimização do processo de manufatura do medicamento, pois seu mercado é cativo já que apenas ela pode produzir o tal remédio. Quando as patentes expiram, aí a coisa muda de figura: as empresas farmacêuticas especializadas em genéricos, que primam pela otimização de sua linha de produção, estão livres para comercializar um medicamento baseado no mesmo princípio ativo e, em geral, acabam dominando o mercado do mesmo pois podem oferecê-lo a um custo menor. Assim, podemos dizer que, a grosso modo, o ciclo de vida de um produto de uma grande farmacêutica dura enquanto durarem as patentes que o protegem. A duração de uma patente varia de país para país. Nos EUA, onde ficam os