Bio-bibliografia de Alfred Schütz
Schütz nasceu em Viena em 1899. Aos dezoito anos, apenas terminado o Liceu, foi enviado ao campo de batalha, na fronteira italiana. O retorno doloroso a um império em crise o obrigou a escolhas pragmáticas: os estudos de direito, os quais conclui ao final de 1921 e um emprego de consultoria a uma empresa bancária substituem os projetos anteriores, aleatórios, de se tornar maestro de orquestra ou escritor. Não obstante, sua carreira como consultor econômico solidificou-se. Com efeito, havia-se especializado em direito internacional na faculdade, o que lhe permitiu produzir relatórios e análises sobre a situação político-econômica da Europa central e colaborar na seção de economia do jornal “Neue Freie Presse”. Em 1929 foi contratado pelo banco privado Reitler, assumindo funções que o levariam a viajar permanentemente pelo continente, construindo uma reputação sólida de analista econômico. Porém, esse crescimento seguro de sua vida profissional era margeado pela subida ao poder do nazismo e do anti-semitismo, bem como pela crise econômica e política que ameaçava todo o mundo germânico.
E era também margeado por sua segunda “província da realidade”, como ele mesmo a denominou: o interesse intelectual. Numa Viena ainda vibrante, ainda não devastada pelo nacional-socialismo, Schütz freqüentava o Geistkreis, círculo intelectual fundado por Friedrich von Hayek no qual a regra era intervir sobre assuntos dos quais se desconhece tudo (por exemplo, um matemático falaria de ópera, etc) e o Mises Seminar, que abordava questões teóricas e metodológicas das ciências sociais. Neste último, Schütz proferiu cinco conferências, entre 1928 e 1930 .
É em meio a essa participação, discreta e quase marginal na vida intelectual vienense que Schütz escreveu, entre 1924 e 1927, seu primeiro trabalho importante, “Theorie der Lebensformen” , o qual só viria a ser editado em 1981. Na verdade, esse texto é apenas a parte inicial de um projeto abandonado.