Bicho de sete cabeça
Neto, personagem de Rodrigo Santoro, vive o drama de ter sido internado em um hospital psiquiátrico por seu pai, que o julga e o rejeita pelo seu possível vício em maconha. Entre internações e tentativas de se restabelecer e reintegrar à sociedade, Neto passa por diversas situações, convivendo no seu dia-a-dia com o preconceito, os medos, as inseguranças e as sequelas causadas pelos intensos e absurdos tratamentos utilizados na tentativa de ser salvo, isso não ocorre somente com pessoas consideradas viciadas, mas a sociedade rotula todos aqueles que se afastam do considerável correto pela mesma. Assim vimos o quanto é difícil reintegrar à sociedade não só o viciado, mas também os apenados de forma produtiva.
“O buraco do espelho está fechado, agora eu tenho que ficar aqui. Com um olho aberto, o outro acordado, no lado de lá onde eu caí.” - O espelho citado no trecho, simboliza a busca dos internos pelo seu próprio eu. Excluídos e marginalizados, sentem uma intensa dificuldade de se aceitar, não conseguem se enxergar. Mesmo havendo a possibilidade de se enxergar e não apenas se ver, algo os prende a uma realidade que não lhes pertence.
Essa realidade, vivida no hospital, é tratada como o lado de lá, pois ao mesmo tempo em que os incluem em um contexto, não lhes permite nenhum tipo de escolha, nem liberdade, nem direito como indivíduo, diferente daquele ideal de sociedade que encontramos na maioria dos