Hipnose clínica e ericksoniana
A prática do hipnotismo é sabidamente velha, como a própria humanidade, conforme o provam os achados arqueológicos e indícios psicológicos pré-históricos. Em sua origem, o hipnotismo aparece envolto num manto de mistérios e superstições. Os fenômenos hipnóticos não eram admitidos como tais. Seus praticantes freqüentemente se diziam simples instrumentos da vontade misteriosa dos céus. Enviados diretos de Deus ou de Satanás. Eram feiticeiros e bruxos e shamans. Suas curas eram levadas invariavelmente à conta dos milagres. Embora o hipnotismo tivesse abandonado esse terreno, ingressado cada vez mais no campo das atividades científicas, tornando-se matéria de competência psicológica, ainda aparecem, em intervalos irregulares, em todos os quadrantes da terra, hipnotistas do tipo pré-histórico, a realizar “curas inexplicáveis” e a dar trabalho às autoridades.
Deixando de lado a parte supersticiosa, os fenômenos produzidos pela técnica hipnótica já eram observados como tais, na velha civilização babilônica, na Grécia e na Roma antiga. No Egito existiam os “Templos dos Sonhos”, onde se aplicavam aos “pacientes” sugestões terapêuticas enquanto dormiam. Um papiro de nada menos que três mil anos contêm instruções técnicas de hipnotização, muito semelhantes às que encontramos nos métodos contemporâneos. Inúmeras gravuras daquela época mostram sacerdotes-médicos colocando em transes hipnóticos presumíveis pacientes. Os gregos realizavam peregrinações a Epidaurus, onde se encontrava o templo do Deus da Medicina, Esculápio. Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, os quais invocavam alucinatoriamente a presença de sua divindade a indicar os possíveis expedientes de cura. As sacerdotisas de Ísis, postas em estado de transe, manifestavam o dom da clarividência; hipnotizadas, revelavam ao Faraó fatos distantes ou fatos ainda a ocorrer. Semelhantemente, os oráculos e as sibilas articulavam suas profecias sob o efeito do transe auto-hipnótico. Pela