Beleza E Misoginia
MISOGINIA
SHEILA JEFFREYS
Beleza e Misoginia é dedicado à minha parceira Ann Rowett, com meu amor, e com respeito à sua resistência perpétua e determinada às práticas de beleza.
Introdução
Nos anos 70, uma crítica à maquiagem e outras práticas de beleza emergiram de grupos de conscientização. A teorista feminista radical americana Catharine A. Mackinnon chamou a conscientização de ‘’metodologia’’ do feminismo (Mackinnon, 1989). Nesses grupos mulheres discutiam como elas se sentiam sobre elas mesmas e seus corpos. Elas identificaram as pressões dentro da dominação masculina que faziam com que elas sentissem que deviam fazer dieta, depilar e usar maquiagem. Escritoras feministas rejeitaram as estéticas masculinas que motivavam as mulheres a sentirem que seus corpos eram inadequados e a empenharem-se em práticas caras e tomadoras de tempo que faziam com que se sentissem inautênticas e inaceitáveis quando de cara limpa (Dworkin, 1974). A ‘’beleza’’ foi identificada como opressiva para a mulher.
Nas últimas duas décadas a brutalidade das práticas de beleza que mulheres executam em seus corpos tornou-se ainda mais severa. As práticas de hoje requerem a ruptura da pele, derramamento de sangue e rearranjo ou amputação de partes do corpo. Corpos alheios, na forma de implantes de seios, são colocados abaixo da pele e perto do coração, lábios femininos são cortados para afeiçoar, gorduras são lipoaspiradas das coxas e nádegas e algumas vezes injetadas em outras partes como bochechas e queixos. A nova indústria de perfuração e piercing vai agora dividir mulheres em duas criando buracos nos mamilos, clitóris e umbigo, pela fixação das joias ‘’bodyart’’ (Jeffreys, 2000). Essas explorações são muito mais perigosas para a saúde da mulher do que práticas comuns das décadas de 60 e 70, quando a crítica feminista foi formada. Isso devia ser esperado, então, isso deve ter sido uma amolação dessa crítica e uma consciência renovada dessa relevância em resposta a esse