Bazinga
A Terra do Livre e a Casa dos Valentes Um jornalista quando escreve uma matéria deve ser fiel aos fatos apurados. O texto deve ser objetivo (de preferência seguindo o esquema da “pirâmide invertida”) e sucinto, não havendo espaço (em tese) para maiores elucubrações. Nos Estados Unidos, a partir da década de 1950, surge um movimento que busca dar ao texto jornalístico aspectos literários, conhecido como non fiction novel (romance-documento; romance-reportagem ou romance de não ficção). O gênero faz uma fusão entre a narrativa de ficção e a reportagem. O resultado é uma investigação da realidade por intermédio da observação subjetiva do autor e da técnica do narrador na literatura. Essas produções, geralmente, são fruto de um árduo trabalho do autor, que deve aliar a técnica de relato de um repórter, com o estilo de um escritor. Poucos autores, no entanto, conseguiram converter o estilo literário em arte, como conseguiu Truman Capote. Em A Sangue Frio (In Cold Blood. Companhia das Letras; 440 páginas; R$ 59,50), considerada por muitos sua obra prima, ele cria a partir de um crime (de uma pequena notícia lida no jornal New York Times) um livro que vai muito além de uma simples reportagem. A história relata o brutal assassinato de uma família, ocorrido em 15 de novembro de 1959, na cidade de Holcomb (localizada no interior do estado do Kansas). Para isso Capote recria toda atmosfera presentes no local e na época, em um trabalho que demorou seis anos para ser publicado. O livro é dividido em quatro partes. O primeiro capítulo, intitulado de “Os Últimos A Vê-los Vivos” começa com a descrição do último dia da família Clutter: Herbert, sua esposa Bonnie e seus filhos Nancy e Kenyon. Paralelamente, também narra os acontecimentos daquele mesmo dia na vida dos assassinos, Dick Hickock e Perry Smith. Nesse ponto, o escritor tece uma minuciosa descrição sobre a cidade (Holcomb), a família