Bases Para O Estudo Dos Ecossistemas Da Amaz Nia Brasileira
Uma reflexão mais demorada sobre os ecossistemas ocorrentes no domínio morfoclimático e fitogeográfico da Amazônia brasileira guarda um interesse científico e didático. O fato de a região ter sido apresentada sempre como o império das florestas equatoriais, de disposição zonal, acarretou distorções sérias nos estudos dos ecossistemas regionais. É certo que, em termos do espaço total amazônico, predominam esmagadoramente os ecossistemas de florestas dotadas de alta biodiversidade. Entretanto, se levarmos em conta o conceito original de ecossistema, independentemente das disparidades espaciais de sua ocorrência, chegaremos a um número bem maior de padrões ecológicos locais ou sub-regionais.
Antevistos pelo critério de sua especificidade — suporte ecológico e padrão de biodiversidade — pode-se agrupar os ecossistemas ocorrentes em três categorias:
Ecossistemas contrastados de "terras firmes" (tipo enclaves de cerrados, ilhados no meio das grandes matas), somente explicáveis pela Teoria dos Refúgios;
Diferenciações intra-florestais, pela presença de manchas de areia branca em terraços, várzeas e interflúvios arenosos, ou pela demorada presença de água de transborde em planícies de rios sujeitos a fortes oscilações de nível (respectivamente, tipos campinarana e campinas, e tipo igapó);
Ecossistemas extremantes localizados, originados por mini-refúgios nas paredes de "pães-de-açúcar" e lajedos, ou seu entorno; ou ocorrentes em ingremes barrancas de abrasão fluvial, atualmente sujeitas a (re)florestamento (tipo "pontões" rochosos de Roraima, em Mucagaí; ou altas barrancas do Amazonas, em Monte Alegre). Evidentemente, não fossem os estudos aproximativos sobre a história vegetacional da Amazônia brasileira, realizados no ensejo dos trabalhos que deram respaldo à Teoria dos Refúgios, seria difícil ou quase impossível explicar as manchas de cerrados e campestres regionais, ou a ocorrência de cactos