BAS LIO DA GAMA X SANTA RITA DUR O
Publicado em 1769, O Uraguai é considerado a melhor realização do gênero épico no Arcadismo brasileiro. De autoria do poeta Basílio da Gama (1741-1795), seu tema é a luta de portugueses e espanhóis contra índios e jesuítas que, instalados nas missões jesuíticas do atual Rio Grande do Sul, não queriam aceitar decisões do Tratado de Madri. Além de ser considerado um dos principais poemas épicos da Arcádia Brasileira, O Uraguai é a obra mais conhecida deste autor.
O Uraguai se encaixa melhor na estrutura do poema lírico-narrativo do que épico, pois não segue a estrutura formal das obras épicas. A obra está dividida em cinco cantos em versos decassílabos heroícos e sáficos e brancos sem estrofação. Mas é possível perceber a sua divisão em partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo. Abandona a linguagem mitológica indígena. Foge assim, ao esquema tradicional, sugerido pelo modelo imposto em língua portuguesa, Os Lusíadas. Por todo texto, perpassa o propósito de crítica aos jesuítas, que domina a elaboração do poema.
A oposição entre rusticidade e civilização, que anima o arcadismo, não poderia deixar de favorecer, no Brasil, o advento do índio como tema literário. Assim apesar da intenção ostensiva de fazer um panfleto anti-jesuítico para obter as graças de Pombal, a análise revela, todavia, que também outros intuitos animavam o poeta, notadamente descrever o conflito entre ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio.
No que diz respeito ao senso da situação: o poema deixa de ser a celebração de um herói para tomar-se o estudo de uma situação: o drama do choque de culturas. Simpatia pelo índio, que, abordado inicialmente por exigência do assunta, acaba superando no seu espírito o guerreiro português, que era preciso exaltar, e o jesuíta, que era preciso desmoralizar. Como filho da “simples natureza” ele aparece não só por ser o elemento esteticamente