Barros 2000 Lojas Arapua S
LOJAS ARAPUÃ S.A E A GLOBALIZAÇÃO:
A MELHOR DO SETOR PEDE CONCORDATA
Marcelo Pereira Fernandes de Barros*
“...todas as pessoas são mais crédulas quando estão mais felizes” .
Walter Bagehot. Século XIX.
RESUMO
O autor relata a história das Lojas Arapuã S. A., desde a sua fundação até o seu pedido de concordata em 1998, menos de um ano após a empresa ser escolhida como a melhor do setor de varejo pela revista Exame Melhores e Maiores. São relatados também os acontecimentos macroeconômicos relacionados com a crise asiática do segundo semestre de
1997, que precipitaram o pedido de concordata da empresa. É feita uma correlação entre a estratégia financeira utilizada pela empresa para conseguir aumentar as vendas e a sua concordata. Por fim, o autor faz uma análise dos dados apresentados e evidencia o aspecto especulativo da estratégia de crescimento da empresa, constatando a interação entre a globalização e esta estratégia de crescimento nas dificuldades financeiras da empresa.
“Percebemos que o mercado passaria por grandes transformações e trabalhamos firme para nos preparar para a estabilidade”1, esta foi a declaração dada por Massaru Kashiwagi,
Diretor de Relações com o Mercado da Lojas Arapuã S. A., para a edição de julho de 1997 da revista Exame Melhores e Maiores. Com esta declaração ele procurava explicar as razões do sucesso da Arapuã, escolhida pela revista como a melhor empresa do setor de comércio varejista no ano de 1996.
Não era para menos, afinal, dos seis critérios utilizados pela revista, a Arapuã tinha obtido o
1o lugar de todo o setor em três deles - rentabilidade, crescimento e vendas por empregado
(vide quadro 1). Além disso, de acordo com a revista, a receita de 1996 tinha superado os 2 bilhões de dólares, crescendo 54% em relação ao ano anterior, e o lucro líquido atingiu 114 milhões de dólares, crescendo 250% em relação a 1995.
Enquanto isso, comparava a revista, “o Ponto Frio, por exemplo, conseguiu aumentar seus lucros em menos de 10%.