Barroco
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A CULTURA DO BARROCO
Luiz Geraldo Silva*
MARAVALL, J. A. A cultura do Barroco. Análise de uma estrutura histórica. Tradução: Silvana Garcia. São Paulo: Edusp, 1997. 418 p.
No Brasil, escreve-se muito acerca do barroco. A historiografia sobre Minas Gerais contém uma literatura abundante desse conceito: tenha-se em mente, sobretudo, os estudos de Affonso Ávila, de escritores da América portuguesa que têm sido contemplados em análises nas quais o conceito de barroco possui papel central, e do trabalho de João Adolfo Hansen, que merece destaque nesse campo. Este conceito é aplicado, entre nós, sobretudo em situações referentes ao campo da arte: da literatura, da escultura, da arquitetura coloniais. A despeito da importância dessa historiografia local e da sua ênfase em processos artísticos, parece importante, atualmente, ultrapassar essas esferas e entender o conceito em questão para além de sua dimensão estética. Cada vez mais se impõe um entendimento do barroco como algo mais abrangente, isto é, como uma construção histórica que contempla dimensões sobretudo da política, mas também da economia, da sociedade, como conceito que se refere, antes de tudo, à história social. Nessa direção, a tradução para o português do livro de José Antonio Maravall, A cultura do barroco, pela Edusp, vem suprir, no plano teórico, essa demanda intelectual. Publicado originalmente em 1975, pela Editora Ariel, de Barcelona, o estudo em questão traz reflexão profunda sobre o conceito em foco, dotada de análise original apenas comparável aos clássicos da historiografia e da sociologia. Assim, inicialmente, para Maravall, o barroco não é “conceito de estilo”, como muito se tem difundido no Brasil, mas um “conceito de época”, pois ele não pode repetir-se em “múltiplas fases da história humana”. Apesar disso, sua amplitude geográfica é significativa: a cultura barroca
* Departamento de História da UFPR.
História: Questões & Debates,