Barbaros

Os Bárbaros no Ocidente

O

declínio do Império Romano do Ocidente e as invasões bárbaras continuam a ser temas controversos. O simples facto de se convocarem estes dois conceitos – “declínio” e “invasão” – como duas faces da mesma moeda diz muito sobre a perspectiva tradicional que a investigação tende a matizar fortemente.
A noção de declínio do império está associada à ideia de que o sistema político romano se encontrava à beira do colapso. Na realidade, o império cristão, fraccionado em duas metades, uma ocidental e outra oriental, e dilacerado por constantes conflitos internos era bem diferente do império pagão dos três séculos anteriores. No entanto, em muitas regiões, entre as quais a Península Ibérica, não se identificam sinais de crise.
Quanto às invasões, torna-se necessário entendê-las no contexto da época. No início do século V, mais concretamente em Setembro de
409, alanos, vândalos e suevos instalaram-se na península. Vinham das margens do império romano, cruzaram a sua fronteira, como tantas vezes sucedera anteriormente, aproveitando-se de uma guerra civil que então lavrava. Deambulavam pela
Gália há cerca de três anos e, ao que tudo indica, constituíam um problema para a região. Esta conjuntura constitui um factor importante, na medi-

texto de Carlos Fabião fotografias de António Cunha

da em que não é fácil dizer se houve uma verdadeira invasão ou uma instalação pactuada. Neste último caso, nem será despropositado supor que a tolerância demonstrada por uma das partes em litígio pela púrpura imperial constituiu mera opção táctica: remeter os bárbaros para a
Hispânia, para resolver o problema mais tarde.
Convém não perder de vista o impacte desta penetração. Estima-se que os contingentes de bárbaros, que incluíam mulheres, crianças e idosos, ou seja, povos em movimento e não hordas guerreiras, seriam menos de 5% da população dapenínsula. Eram grupos de escassa coesão social, incipientes instituições políticas e