Bahktin (1952-53/1979) traz para a lingüística um conceito mais sofisticado do que seria a comunicação verbal. Até então, considerava-se que a comunicação se dava entre um emissor (ativo) e um receptor (passivo), estando o emissor livre para formular suas construções verbais e transmitir o conteúdo da forma que bem entendesse. Bahktin não aceita tal cenário, exceto se tomado como representação de certos aspectos da comunicação, mas nunca para a comunicação como um todo. Para ele, na comunicação, há uma interação entre o emissor e o receptor, de tal forma que a fala do emissor está sempre sendo influenciada pela atitude responsiva ativa do receptor. Até mesmo num contexto de composição literária em que, para o escritor, o receptor é um ente fisicamente não presente e idealizado, este interfere em função de sua reação e expectativas esperadas ou imaginadas. Nesta nova representação da comunicação, a unidade básica é o enunciado. Seus limites, definidos pela alternância dos sujeitos falantes, permitem-lhe assumir formas as mais variadas, provavelmente ilimitadas. Assim, uma simples réplica do diálogo, como “Vou!” ou um romance, podem ser considerados, cada um, como um enunciado distinto. É aqui, então, que Bahktin (1952-53/1979) introduz o conceito de gênero discursivo. As diferentesrealizações dos enunciados configuram os diferentes gêneros discursivos, escolhidos em função da esfera de comunicação, das necessidades de expressividade do enunciador e do contexto em que se dá a comunicação. O primeiro aspecto que notamos é que os PCN enfatizam sobremaneira a importância do estudo dos gêneros. Além disso, os PCN sugerem, ainda, uma espécie de núcleo central, um conjunto essencial de gêneros considerados relevantes para a vida cotidiana e pública do estudante no mundo contemporâneo, tanto em atividades orais quanto escritas. Embora as noções bahktinianas estejam um tanto “diluídas” nos PCN, podemos buscar alguns paralelos entre certas passagens dos PCN e as considerações