Bacharel

Discursos de “Com o dinheiro dos outros”
Andrew Jorgenson
É bom ver tantos rostos familiares, velhos amigos. Alguns que não via há anos. Obrigado por terem vindo. Bill Coles, nosso presidente, expôs, no relatório anual, nossas realizações deste ano, como poderemos melhorar e nossas metas para os próximos anos. Vim para falar de outra coisa: expor minha opinião sobre a votação nesta companhia que lhes pertence. Esta empresa que sobreviveu à morte de seu fundador, a tantas recessões, à grande depressão, a duas guerras mundiais, está em perigo iminente de autodestruição – hoje, em sua cidade natal. Ali está o instrumento da destruição. Olhem-no no auge de sua glória: Larry, o liquidador, o empresário dos Estados Unidos pós-industrial brincando de Deus com o dinheiro dos outros. Os cruéis barões do passado deixaram muitas coisas concretas atrás deles: minas de carvão, ferrovias, bancos. Este homem nada deixa, nada cria, nada constrói, nada dirige. No seu rastro, não há nada, a não ser pilhas de papel para esconder as dores. Se dissesse: “Sei dirigir seu negócio melhor que você”, poderíamos conversar. Mas não diz isso. Ele diz: “Vou sacrificá-los porque, neste exato momento, valem mais mortos do que vivos”. Bem, talvez esta seja a verdade, como também é verdade que um dia voltaremos a ter lucro. Quando o iene cair ou o dólar ficar mais forte, ou quando, finalmente, começarmos a reconstruir nossas estradas, nossas pontes e a infraestrutura do país, os pedidos vão-se multiplicar. E quando isso acontecer, estaremos aqui: mais fortes por causa dos sofrimentos, mais fortes porque sobrevivemos. E o valor do nosso estoque tornará esta oferta irrisória. Deus nos proteja se decidirmos pegar uns dólares e cair fora. Deus proteja este país se esta for a onda do futuro, porque nos tornaremos uma nação que só produz hambúrgueres e nada cria, a não ser advogados e paraísos fiscais. Se já estamos no ponto em que se mata algo porque vale mais morto do que vivo, bem, olhem para seus