Bacharel
”A posição global do funcionário patrimonial é, portanto, em oposição à burocracia, produto de sua relação puramente pessoal de submissão ao senhor, e sua posição diante dos súditos nada mais é que o lado exterior desta relação. Mesmo ali onde o funcionário político não é pessoalmente um dependente da corte, o senhor exige sua obediência ilimitada no cargo. Pois a fidelidade ao cargo do funcionário patrimonial não é uma fidelidade objetiva do servidor perante tarefas objetivas, cuja extensão e conteúdo estão delimitados por determinadas regras, mas, sim, uma fidelidade de criado que se refere de forma rigorosamente pessoal ao senhor e constitui uma parte integrante de seu dever de princípio universal de piedade e fidelidade” (WEBER, Economia e Sociedade, São Paulo, 2004).
Este questão do patrimonialismo da qual Weber trata, está claramente retratada no filme “O exercício do poder”, que mostra a prática da atividade política na França. Desde do início do filme, fica claro que falta uma ordem objetiva, de tarefas regulamentadas a fins impessoais da vida estatal, o que gera um sistema de direitos e deveres influenciado pela subjetividade de determinadas pessoas. O cargo e o exercício do poder estão vinculados à prestação de serviços a pessoa do senhor de um lado e as recompensas advindas com o cargo por outro.
Logo no inicio do filme isto pode ser identificado quando um dos funcionários do Ministério dos Transportes atende a ligação do senhor ministro em meio a uma festa que acontecia no próprio órgão. Outra questão são as diversas tarefas executadas pela assessora do ministro que diretamente estão relacionadas a sua vida pessoal, como por exemplo agendar encontros comemorativos com os familiares.
Além disso, a própria relação dos membros da equipe do Ministro Saint-Jean, e deste com seus superiores hierárquicos, retrata uma clara dominação baseada na inviabilidade do poder do senhor superior, o qual por sua vez é quem