Aécio
*Rogério Baptistini Mendes
A sociedade brasileira, em sua trajetória modernizadora, não sepultou definitivamente o passado. Comportamentos antiquados, pré-modernos e não republicanos corroem a cultura política, comprometem o futuro e desafiam a imaginação de quem busca conciliar liberdade com democracia, desenvolvimento econômico com justiça social, construção nacional com integração ao mundo global.
O Brasil, apesar de haver alcançado índices satisfatórios de inclusão das pessoas ao universo do consumo, continua preso aos fantasmas de sua formação eivada de patrimonialismo, autoritarismo e elitismo. Não é outro o significado profundo da confusão entre partido e Estado, governo e Estado, facção e povo.
O Estado, convertido em ente privilegiado na tarefa de arrancar a sociedade de sua condição atrasada, aprisionou os sujeitos em uma lógica perversa, segundo a qual “do alto” vem a graça ou a desgraça. Assim, o povo, este elemento constitutivo da sociedade política, se divide na adoração de líderes predestinados e deixa de assumir o seu protagonismo na difícil tarefa de construção do destino comum.
O PT, que se apresentou como alternativa à velha cultura política patrimonialista, autoritária e elitista, nada mais fez, em seus mandatos consecutivos, que reforça-la. Sua obsessão de construir “pelo alto” uma sociedade para o seu projeto modernizador levou ao flerte com o totalitarismo e ao tratamento do Estado como patrimônio de uma facção.
É por este motivo que a articulação de diferentes forças em torno da candidatura de Aécio Neves representa a mudança. O reformismo democrático, que se alimenta do diálogo e da energia dos diversos grupos e movimentos que constituem a sociedade civil, encontrou neste segundo turno um polo de aglutinação programático, livre do abraço desmobilizador da cultura patrimonialista e antirrepublicana da troca de cargos.
Votar em Aécio Neves