Azulejaria em portugal na 2 ª metade do século xx
Apesar do azulejo não ter origem portuguesa, em nenhum outro país da Europa como em Portugal, o azulejo foi tratado de modo tão próprio, criativo e com tanta riqueza iconográfica, o que faz com que, muitas vezes, seja atribuído ao azulejo o lugar de símbolo nacional. De facto, o azulejo chega ao Ocidente, vindo do Médio-Oriente, na segunda metade do século XII e, passando pelo Norte de África, enraíza-se, então, no Sul da Península Ibérica.
Na passagem da primeira para a segunda metade do século XX, a implantação da “arquitectura Estado Novo” teve consequências muito negativas para a prática da azulejaria em Portugal, uma vez que, este tipo de plástica arquitectónica em nada se coadunava com o espírito imperialista e pombalino com o qual se pretendia imbuir as arquitecturas. Contudo, no decorrer desta mesma viragem, designadamente entre as décadas de 40 e 50, assiste-se a uma tentativa de contrariar esta tendência, na qual surge, na primeira linha, Jorge Barradas a quem, segundo José Meco, se deve a recuperação consciente e a dignificação do azulejo. [1] Por outro lado, nunca, como na segunda metade do século XX, tantos artistas plásticos usaram o azulejo para as suas criações, contribuindo alguns deles, de uma forma incontornável, para a modernização da azulejaria em Portugal. Entre eles, Manuel Cargaleiro, Maria Keil, Querubim Lapa e Eduardo Nery, desenvolveram um notável e constante trabalho na azulejaria em Portugal da segunda metade do século XX. Os seus azulejos aparecem por todo o país, no revestimento decorativo exterior e interior de igrejas, estações de metropolitano, bancos, jardins, fábricas, aeroportos.
Deste modo, com o presente trabalho, pretende-se fazer uma síntese da azulejaria em Portugal na segunda metade do século XX, acentuando o trabalho destes autores pela referência às características mais importantes de algumas das suas obras consideradas mais representativas. No capítulo 1, far-se-á uma breve referência às origens do