Avaliação psicológica e as relações institucionais
Adriana Marcondes Machado17
A definição de “avaliar” (Houaiss, p. 352) é “estabelecer a valia” (o valor de uma peça), também “apreciar o mérito” (avaliar o pai que tem),
“ter ideia de” (não avaliou as consequências de seu ato). Diante disso, qual o objeto da avaliação psicológica? Sobre o que temos realizado um trabalho no qual elegemos valores, do qual apreciamos o mérito? Esse objeto tem sido denominado aspectos psicológicos de uma pessoa.
Temos dois problemas:
1 – Não existem “os aspectos psicológicos de uma pessoa”.
2 – A vida psíquica, como um objeto a ser avaliado, foi constituída sob certas condições de possibilidades históricas. Os objetos que elegemos não são naturais: o casamento, a adolescência, os problemas escolares, a depressão, o autismo, a criança, o aluno e o bebê são efeitos de relações, não existem em si, constituem-se no decorrer da história.
Optaremos por discutir o tema por meio de situações concretas que possibilitem ampliarmos as análises sobre as questões institucionais presentes em um trabalho de avaliação psicológica. Para tanto, torna-se necessário, inicialmente, afirmar que, se entendemos como institucional aquilo que se produz em um campo de relações (por exemplo, relação professor/aluno, relação médico/paciente), no qual práticas e saberes são exercidos em certos lugares (aulas, notas, prescrições, diagnósticos e atendimentos em escolas, hospitais), então todo trabalho de avaliação psicológica é um trabalho institucional, pois sempre será fruto de relações de saber e de poder que tornaram possível uma certa prática: por exemplo, avaliar a vida psíquica.
Não podemos, portanto, falar em dimensão institucional e dimensão individual como dimensões com constituições diferentes. O indivíduo é instituído por relações de saberes, por práticas, por relações de poder. Ele é efeito de um campo múltiplo de forças, uma construção histórica. Ao atendermos uma jovem de