Avaliação da Luminosidade Impressionista
Sunday, May 20, 2007
quimera
no relógio da sala uma quimera antiga hora após hora embala as ilusões de outrora e amena insiste em sua canção de agora
:
mas por que ser triste?
Anoitecer: Avenida de Clichy - Louis Anquetin (1887)
By Adelaide Amorim
Fonte: http//inscries.blogspot.com/2007_05_01_archive.html
Ao lúdico das cores paira a nossa mente. No primeiro focar da cena, a predominância azul, remete a imaginação à desolação, ao mistério, ao medo. O céu acinzentado sugere o cair de uma tarde nublada, que ofusca os últimos vestígios de claridade natural. Este mesmo céu contamina a paisagem urbana, refletindo nela a sua frieza. As árvores quase sem folhas e o reflexo úmido da calçada, denunciam um dia de inverno.
Os pedestres são vultos sombrios, solitários, estéreis, mecanicamente marchando sem esperança alguma, cumprindo apenas sua rotina. Até o momento em que se aproximam da luz.
Neste instante, a temperatura da atmosfera é quebrada, o calor vibra nas tonalidades vermelho-amareladas, que introduzem alma aos mortais que passam. Parece até podermos imaginar o pensamento daqueles iluminados. Alguns parados abaixo da marquise, demonstram interesse pelo que há dentro da luz, outros porém, até mesmo de costas, parecem inertes ao tempo, buscando somente refúgio, um abrigo na claridade, para poder encontrar ou rever alguém, assistir ao movimento, esperar a noite chegar. O fogo dos lampiões transforma-se então em poesia, que almeja o fim do dia para receber aqueles pobres que a ele vem saciar-se da carência de luz.
Outros ainda que continuam sua caminhada pela avenida e ao passo que da luz se distanciam, mergulham nas sombras novamente e voltam a ser dominados pela indiferença.
O desequilíbrio é evidente e os contrastes marcantes, porém em uma dicotomia relacionada. O azul e o laranja, com o frio e o quente. A sombra e a luz, com o mórbido e o movimento. Marcadamente se faz a